
Oração do Perdão
29 de setembro de 2025Hamsa
A Hamsa, também conhecida como “Khamsa”, “mão de Deus”, “mão de Fátima”, “mão de Miriam”, “Abhaya Mundra”, é um amuleto presente em várias doutrinas orientais, possuindo especificações próprias de acordo com cada religião.
Significado da palavra Hamsa
A palavra “Hamsa” deriva da palavra árabe para “cinco”. Também se refere às imagens dos “cinco dedos da mão”.
Na cultura judaica, a palavra corresponde ao hebraico “ḥamishah” (חֲמִישָׁה), que também significa “cinco”.
Usa-se “a” Hamsa, pois este substantivo é feminino na língua portuguesa, assim como outras palavras de origem árabe que se tornam femininas ao serem incorporadas ao idioma.
Exposição “Khamsa, Khamsa, Khamsa” no Museu de Arte Islâmica de Jerusalém.
Outros nomes para a Hamsa
No Judaísmo, um nome judaico alternativo é “Mão de Miriam”, em referência à irmã de Moisés e Aarão. Além de Miriam, Serach bat Asher e José são frequentemente invocados nesses amuletos por causa de suas batalhas vitoriosas contra essa força. Às vezes, vários nomes de Deus são incluídos — mais comumente, “Shaddai”.
Para o Islã, um nome alternativo é “Mão de Fátima”, em referência à filha do profeta Mohammed.
Por sua vez, no Budismo a Hamsa é conhecida por Abhaya Mundra.
Buda sentado em trono de lótus com mão direita em posição Abhaya Mudra.
Calcutta Art Studio, India, 1895.
Forma de representação
A Hamsa é retratada com a imagem de uma mão com simetria bilateral. Normalmente os dedos são retratados significativamente encurtados em ambos os lados. Usualmente os três dedos no centro possuem o mesmo comprimento, podendo o dedo médio ser retratado ligeiramente mais longo que os dois dedos adjacentes. No entanto, o dedo médio ou central jamais é mais curto que os dedos adjacentes.
Além disso, frequentemente há um foco especial de embelezamento na palma da figura. Na maioria das vezes, um olho é incorporado como o foco da palma. Para alguns, o significado deste símbolo estaria relacionado a Hórus, deus egípcio dos céus e um dos deuses mais importantes da mitologia egípcia.
Segundo a Mitologia Egípcia, o olho esquerdo de Hórus simbolizava a Lua enquanto o olho direito simbolizava o Sol. Durante um duelo pouco depois da formação do universo, o deus Set teria arrancado o olho esquerdo de Hórus, o qual foi substituído por este amuleto. Como o amuleto não lhe dava plena visão, foi-lhe colocada também uma serpente sobre sua cabeça. Após se recuperar, Hórus organizou novas batalhas que o levaram à vitória decisiva sobre Set.
O amuleto, então, passou a representar a união do olho humano com a vista do falcão, animal simbólico de Hórus. Era usado, em vida, para afugentar o mau-olhado e, após a morte, contra infortúnios do Além.
O conceito do “olho que tudo vê” é sincrético com a ideia judaica de que YHWH (Adonai) tudo vê e, portanto, tornou-se um símbolo do olhar vigilante do Deus de Abraão.
Mais além, o olho na palma da mão é frequentemente retratado no formato da Vesica Piscis (forma geométrica sagrada resultante da intersecção de dois círculos de mesmo raio, onde o centro de cada círculo está no perímetro do outro, formando uma figura em forma de amêndoa ou mandorla), um símbolo do poder feminino e, segundo alguns interpretam, uma referência a Tanit. Neste caso, vemos um sincretismo com o aspecto Feminino Divino.
Olho de Hórus , também conhecido como Udyat.
Origem histórica
Acredita-se que tenha sido incorporada ao judaísmo por volta do ano 600 a.C.
Contudo, há evidências arqueológicas que sugerem que essa representação da mão apontando para baixo seria ainda anterior ao Judaísmo.
Para alguns estudiosos, a figura poderia estar associada à antiga deusa de Cartago, Tanit, cuja mão seria retratada como tendo a capacidade de afastar o mau-olhado.
Símbolos de Tanit encontrados em Ashkelon, Israel.
Estela púnica de Cartago dedicada a Tanit e Baal Hammon, com uma mão direita aberta esculpida.
*Estela provém do termo grego “stela”, que significa “pedra erguida”. Coluna monolítica ou pedra comemorativa com uma inscrição. Por sua vez, púnico corresponde ao gentílico associados à civilização cartaginesa.
Posição para cima ou para baixo
Acredita-se que a Hamsa apontando para baixo atrai abundância, fertilidade e manifestação de desejos, enquanto a Hamsa com os dedos apontando para cima é um sinal universal contra o mal, oferecendo proteção e dispersando pensamentos negativos como inveja e ódio.
A cor azul
A cor azul é frequentemente incorporada por ser considerada uma cor poderosa contra o Mau-Olhado.
Outras culturas também associam a cor azul à proteção contra espíritos malignos. É o caso da tradição congolesa de usar garrafas azuis para aprisionar espíritos malignos, atraindo-os para dentro da garrafa durante a noite e ali os mantendo presos até que o sol nascente os destrua pela manhã.
Essa tradição, originária do Congo no século IX, foi levada para o sul dos Estados Unidos por escravizados que vieram a formar grupos étnicos de afro-americanos como os Gullah Geechee, que vivem na região costeira e nas Sea Islands entre a Carolina do Norte e a Flórida.
No sul dos Estados Unidos vemos a influência do azul como cor de proteção por meio da utilização do azul haint (‘Haint blue’) para proteção residencial.
O Azul haint é um conjunto de tons claros de azul-esverdeado tradicionalmente usados para pintar tetos de varandas no sul dos Estados Unidos.
Esse azul-esverdeado, associado à cor da água, também se associa à proteção dos peixes do Olho.
Varanda com teto pintado com ‘Azul Haint’ em cidade no sul dos Estados Unidos.
Em inglês, a palavra “haint” é uma forma coloquial de pronunciar “haunt”, outra palavra para fantasmas ou espíritos malignos. A palavra vem dos Gullah, uma comunidade de descendentes de escravos da África Central e Ocidental que se estabeleceram na costa da Geórgia e da Carolina do Sul, nos Estados Unidos.
Letras hebraicas e símbolos judaicos
Algumas Hamsas contêm as letras hebraicas “Chet” e “Yud”, que, usando a gematria, representam 18 e também significam “vida”. Ambas servem para nos lembrar que a própria vida é uma bênção protetora. Outras Hamsas ostentam a Estrela de seis pontas ou o Escudo de Davi, o Selo de Salomão ou o mais antigo símbolo judaico de proteção, a Menorah (candelabro judaico de sete braços).
A palavra “CHAI” é composta por duas letras hebraicas, Chet e Yud, e possui um significado simbólico e numérico. Simbolicamente, Chai representa a vida. Numericamente, as duas letras formam o número 18, no que é conhecido como Gematria, uma tradição judaica mística de atribuir valor numérico às letras hebraicas. O Chet equivale a 8 e o Yud equivale a 10 (8 + 10 = 18). Portanto, o Chai também representa boa sorte e é comum dar presentes que se assemelham de alguma forma ao número 18 ou até mesmo ao dobro do 18 (36), “Duplo Chai”.
Salamandra
Outro animal frequentemente visto como protetor é a imagem da salamandra. A salamandra era famosa tanto por seu conhecido poder de combater o fogo quanto por seu poder de regenerar seus membros e restaurar sua saúde.
Marrocos, Essaouira. Mão de Fátima com salamandra. Prata.
Casa D’aste Capitolium (CapitoliumArt)
Materiais para confecção
A Hamsa pode ser feita de qualquer material. No entanto, o uso do metal, a exemplo do ouro e da prata, é muito comum devido à sua capacidade de afastar forças malignas.
Pingente Hamsa em Ouro e Diamante.
Hamsa em combinação com um fio vermelho
Às vezes, o Hamsa é usado como um amuleto e preso a uma pulseira chamada “roiteh bendel”, feita de um fio vermelho, cuja cor teria a propriedade de absorver os poderes malévolos que emanam do Olho. A pulseira deve ser amarrada de uma determinada maneira e certas orações ou encantamentos devem ser recitados ao colocar o roiteh bendel no pulso.